Amarela e sem vida.

Prensada por páginas de algum poeta, ela continua lá. Agora amarela, pálida, sem vida e sem o formato de antes. Assim como eu, que olhando suas pétalas secas, me sinto íntima e imensamente seca, como ela. Deixada agora por tua vontade. Sabes que esperava que você me aguasse todos os dias com as gotas daquele amor que tu disseste sentir por mim.

Mas como dói, naqueles versos sentir-me sufocada. Sentir-me morta e conservada. Conservada para lembrar. Lembrar-me de ti, e da rosa.



Ela já foi vermelha. Já teve vida. E, enquanto viva foi, ouvi de ti promessas de amor eterno sussurradas em meus ouvidos. Amarela, agora entre páginas daquele poeta, lê versos e lembra-se das histórias que ouviu de ti. De nós.

Mas tu foste embora. E nem sei se me guardaste em algum lugar, como eu guardei a rosa. Talvez, sem vida, pálida, amarela, me tenhas em um canto do teu coração, onde não estou prensada por páginas de algum poeta, mas por frases que guardei de ti.

E elas me esmagam. Tiram minha vida. Fazem com que eu sofra. Morrendo, empalidecendo, mas lembrando.

Não irei jogar fora o que me trás tua lembrança. Insistirei em mantê-la, amarela e sem vida, entre as páginas daquele poeta.

Por que iria substituí-la por uma vermelha, se também eu me encontro amarela e sem vida?

 
"Cores, imagens, cores, imagens, cores, imagens, cores.
Originais as flores demais, as cores e mais amores.
Não me ensina a morrer, que eu não quero".

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